Abstract: Objective: investigating the prevalence of food insecurity in families assisted by the Family Health Strategy. Method: a cross-sectional, descriptive study conducted with 224 families of a Piaui municipality in the period from March to June 2012. Data were collected using a structured questionnaire. They were analyzed using the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS/ PASW), version 18.0. Descriptive analyzes were performed, inferential, as well as bivariate analyzes presented in a figure and tables. The research project was approved by the Research Ethics Committee, CAAE 0389.0.043.000-11. Results: 88,4% of the families had food insecurity. Among the levels, there is, light in 46,4%; 25,0% moderate and 17,0% severe. Conclusion: high levels of food insecurity prevail over the published findings showing risks of malnutrition and health problems. The restructuring of food and nutrition security policy in the municipality for effective assistance to families becomes necessary. Descriptors: Food and Nutritional Security; Food; Family Health. RESUMEN Objetivo: investigar la prevalencia de la inseguridad alimentaria en las familias asistidas por la Estrategia Salud de la Familia. Método: un estudio transversal, descriptivo realizado con 224 familias del municipio de Piauí, en el período de marzo a junio de 2012. Los datos fueron recolectados a través de un cuestionario estructurado. Ellos fueron procesados utilizando el programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS/PASW), versión 18.0. Se realizaron análisis descriptivos, análisis inferencial, así como bivariantes, presentadas en una figura y tablas. El proyecto de investigación fue aprobado por el Comité Ético de Investigación, CAAE 0389.0.043.000-11. Resultados: 88,4% de las familias tenían la inseguridad alimentaria. Entre los niveles, verificó se leve en el 46,4%; 25,0% moderado y el 17,0% grave. Conclusión: los altos niveles de inseguridad alimentaria son mayores que los resultados publicados en la literatura, que muestran los riesgos de problemas de desnutrición y agravios a la salud. Es necesaria la reestructuración de la política de seguridad en la alimentación y nutrición en el municipio para la asistencia efectiva a las familias. Descriptores: la Seguridad Alimentaria y la Nutrición; Alimentación; Salud de la Familia. Nutricionista, Professora Mestre, Centro Universitário Uninovafapi. Teresina (PI), Brasil. E-mail: marília_gsb@hotmail.com; Médico, Professor Doutor, Mestrado Profissional em Saúde da Família, Centro Universitário Uninovafapi. Teresina (PI), Brasil. E-mail: gmesquita@uninovafapi.edu.br; Nutricionista, Professora doutora, Universidade Federal do Piauí. Teresina (PI), Brasil. E-mail: marizesantos@ufpi.edu.br; Nutricionista, Professora Doutora, Mestrado Profissional em Saúde da Família, Centro Universitário Uninovafapi. Teresina (PI), Brasil. E-mail: mcmartins@uninovafapi.edu.br; Enfermeira, Professora Doutora (Pós-doutora), Mestrado Profissional em Saúde da Família, Centro Universitário Uninovafapi. Teresina (PI), Brasil. E-mail: mestradosaudedafamilia@uninovafapi.edu.br;Nutricionista, Professora Mestre, Universidade Federal do Piauí/UFPI. Teresina (PI), Brasil. E-mail: normaalberto@yahoo.com.br ARTIGO ORIGINAL Bezerra MGS de, Mesquita GV, Santos MM dos et al. Insegurança alimentar em famílias assistidas pela... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(Supl. 1):248-55, jan., 2016 249 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7901-80479-1-SP.1001sup201608 O conceito de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é compreendido como a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis. A Insegurança Alimentar (IA) é determinada principalmente pela pobreza e pelas desigualdades sociais, as situações de IA podem ser identificadas por várias manifestações, tais como a fome, a desnutrição, as carências específicas, o excesso de peso, doenças geradas pela alimentação inadequada e consumo de produtos prejudiciais à saúde. A severidade da IA é estratificada nos seguintes níveis: a preocupação de faltar alimento (IA Leve), o comprometimento da qualidade da alimentação da família (IA Moderada) e a redução quantitativa de alimentos entre as crianças e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre as crianças; fome (quando alguém fica o dia inteiro sem comer, por falta de dinheiro para comprar alimentos) como aspecto mais grave, a restrição quantitativa na disponibilidade de alimentos (IA Grave). Nas suas formas mais graves (moderada e grave) contribuiu para a redução de todos os grupos de alimentos, aumentando ainda mais a inadequação dietética observada em crianças. A garantia do ato de se alimentar dignamente ainda está distante da realidade de milhões de pessoas no mundo. No Brasil cerca de 17 milhões de pessoas passam fome ou sofrem com desnutrição. A Insegurança Alimentar (IA atinge em média 30,2% da população. Considerando as cinco Grandes Regiões, o Nordeste foi a que apresentou maior proporção de IA (46,1%), em todos os seus estados, sendo o Piauí o segundo estado em pior situação, tendo mais da metade da sua população (58,6%) acometida pelo agravo, perdendo apenas para o Maranhão (64,6%). O Piauí dispõe de 224 municípios, dos quais mais da metade está localizada na região do semiárido a qual é caracterizada pela ocorrência do bioma caatinga, elevadas temperaturas, baixa umidade e volume pluviométrico e chuvas escassas, irregulares e mal distribuídas durante todo o ano, além dos seus indicadores sociais de saúde, educação e renda serem considerados os piores em relação à média nacional. Entre os municípios dessa região, encontra-se Francisco Santos, que possui população residente de 8.592 habitantes, assistidos por quatro equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF). A atenção básica à saúde tem como papel acompanhar todas as famílias, em especial as do Programa Bolsa Família (PBF), por consistirem em pessoas com vulnerabilidade social, inclusive, inacessibilidade alimentar. 1 A abordagem relacional da alimentação e nutrição contribui para o conjunto de práticas ofertadas pelo setor saúde na valorização do ser humano, para além da condição biológica e o reconhecimento de sua centralidade no processo de produção de saúde. Considerando a influência do acesso alimentar sobre a situação de saúde e a responsabilidade do setor saúde monitorar a alimentação e nutrição das cidades, este estudo tem como objetivo avaliar a prevalência de insegurança alimentar em famílias assistidas pela Estratégia Saúde da Família em um município do semiárido piauiense, a fim de contribuir para o (re)direcionamento de ações de proteção e enfrentamento deste agravo, principalmente nos municípios de condições semelhantes. Foi realizado um estudo descritivo, transversal com abordagem quantitativa, com famílias assistidas pela Estratégia Saúde da Família e cadastradas no Programa Bolsa Família. A pesquisa foi realizada no município de Francisco Santos (PI), localizado no CentroSul do Estado, integrando a microrregião dos Baixões Agrícolas, com área territorial de 419,860 Km2. O município conta com uma população residente de 8.512 habitantes, sendo 3.979 residentes na zona urbana e 4.613 na zona rural. A população do estudo se constitui de 224 famílias, beneficiadas pelo Programa Bolsa Família que são assistidas pela Estratégia saúde da Família (ESF), selecionas de acordo com os seguintes critérios de inclusão: serem famílias cadastradas no Programa Bolsa Família, possuírem crianças menores de cinco anos de idade e o titular do programa assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os dados foram coletados em domicílio, por meio de entrevista, utilizando-se questionário estruturado com o titular do Bolsa Família, valorizando o domínio de conhecimento desse membro da família sobre a dinâmica diária da casa. A pesquisa foi realizada pela pesquisadora que é MÉTODO INTRODUÇÃO Bezerra MGS de, Mesquita GV, Santos MM dos et al. Insegurança alimentar em famílias assistidas pela... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(Supl. 1):248-55, jan., 2016 250 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7901-80479-1-SP.1001sup201608 Nutricionista do município, mediante agendamento prévio, no intuito de não interferir nas atividades de rotina do entrevistado e garantir tempo e local adequados à coleta de dados. O questionário abordou questões relativas ao perfil socioeconômico e demográfico, as características das famílias, como renda, composição, tipo de moradia, número de cômodos, abastecimento de água, esgoto e coleta de lixo, serviços de saúde utilizados, além de informações sobre o entrevistado, como sexo, idade, ocupação e posição na família. Esse instrumento foi previamente testado com dez famílias igualmente cadastradas no Programa, constituídas apenas por adultos. A situação de insegurança alimentar intrafamiliar foi investigada a partir da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), um formulário estruturado adaptado do United States Department of Agriculture e validado para o Brasil, atualmente utilizado em pesquisas nacionais. O instrumento consta de 14 perguntas fechadas, com resposta sim ou não, sobre a experiência, nos três meses anteriores, de insuficiência alimentar em seus diversos níveis de intensidade. A pontuação da Escala varia em uma amplitude de 0 a 15 pontos. Este instrumento permite classificar a situação das famílias em Segurança ou Insegurança Alimentar IA, sendo capaz de identificar, nesta última, três diferentes graus: Leve, Moderada ou Grave. A EBIA é uma escala unidimensional da percepção de insegurança alimentar que capta a progressiva piora da situação, passando por níveis intermediários em que as famílias rec